quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O telefonema

Nunca esperou por uma ligação depois da virada do ano. Afinal, quem importava estava junto e, quem estava longe, ou já não estava mais ou achava não importar muito.
O ano estava indo embora e tinha sido especial. Nem tanto pelos acontecimentos, mas pelas pessoas que havia conhecido. Pessoas, não. Pessoa. 
Não era muito boa em conhecer pessoas e estava bem satisfeita por ter conhecido uma.
"Posso ligar pra você depois de meia-noite?", foi a pergunta da amiga.
E, se achava impossível se afeiçoar mais a alguém que há pouco tempo lhe era desconhecida, nesse momento o impossível se fez possível. "Pode!"
Meia-noite.
Beijou o marido, os filhos, agradeceu pelo ano ido e deu boas vindas ao que acabava de chegar.
E o telefone tocou. 
Tão bom quando os combinados são cumpridos!
Recebeu emocionada o desejo de um ano novo feliz.
E desejou como nunca ser feliz. 
Porque a vida, essa que já a havia sacaneado tanto, parecia ter finalmente dado uma trégua.
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