quarta-feira, 3 de abril de 2013

Volte duas casas. E espere a próxima rodada.

Um dos meus jogos preferidos era o Jogo da Vida. Mas jogá-lo comigo não devia ser muito desafiante: enquanto todos tinham como objetivo chegar ao final com o máximo de dinheiro possível, eu só queria cumprir o percurso e ser feliz. Então, sempre que havia uma bifurcação em que eu pudesse escolher entre me formar e ter um filho, obviamente eu escolhia ter um filho (meu ideal de felicidade... vai vendo). E adorava encher meu carrinho vermelho de crianças rosas e azuis.
E quando eu tinha que visitar uma tia no interior e ficar uma rodada sem jogar? Todos riam da minha cara. Mas eu nem ligava, porque o que eu queria mesmo era imaginar meus filhos - que a essa altura do campeonato já tinham nomes e idades - correndo pelo sítio dessa tia, brincando na terra e subindo em árvores.
Hoje, fico pensando no jogo da minha vida. E acho que continua sendo meu jogo preferido, embora às vezes me sinta um pouco cansada de jogá-lo.
Gosto de imaginar em que parte do tabuleiro estou: já devo ter passado da metade e não tenho um carrinho vermelho cheio de crianças. Mas tenho um carrinho preto com duas delas, as quais me enchem de alegrias e desafios.
E, apesar de ter avançado bastante, não ligo se, de repente, eu tiver de voltar duas casas e esperar a próxima rodada. Afinal, continuo apenas querendo cumprir o percurso... E ser feliz.
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4 comentários:

  1. E é assim que vai nos ajudando a aprender a jogar esse jogo que também é o nosso... e então a gente pega uma bifurcação e para para deleitar um bom texto, enquanto apreciamos
    os seus belos filhos e brincamos de ser um pouco aquela tia com quem você gosta se encontrar...

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  2. Adorei seu blog.
    Comecei lendo este texto e só terminei quando eles acabaram.
    Parabéns!

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  3. Obrigada, Alicia! É sempre um prazer receber novos leitores :))

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