Gosto de escrever para mim: tenho caderno de tudo o que se possa imaginar; tenho diários de viagem, tenho blocos de anotações…
Gosto de escrever para além de mim: tenho blog, tenho tumblr… e não faço ideia de para onde meus textos vão.
Gosto de escrever para os outros: cartas que mando, cartas que gostaria de mandar, cartas.
E tenho mania de fazer listas: do que comi, do que quero ler, do que vivi, do que ainda quero viver, do que não quero nem ver. Lista de amigos, lista de pessoas irritantes, lista de nomes - de filhos que nunca terei -, lista do que listar.
Susan Sontag também gostava muito de escrever (e adorava uma listinha boba, vejam só). Ela escreveu em cadernos durante muitos anos: dos quinze aos, sei lá, setenta anos. Depois que morreu, seu filho resolveu publicar seus cadernos: são os Diários de Susan Sontag.
São três volumes. No Brasil só tem o primeiro, por enquanto.
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Outro dia peguei uma caixa de sapato toda fechada com fita crepe. Dentro da caixa há cartas e mais cartas de minha mãe para meu pai, desde o tempo de namoro (meados de 1960) até o casamento (1969). Sempre soube da existência dessa caixa, mas nunca tive coragem de abri-la.
Uma caixa com uma marca de sapato que já nem existe mais, cerrada com fita crepe amarelada e cheia de carta!
Um verdadeiro tesouro.
Não sei se um dia minha mãe imaginou que eu fosse dar tanto valor a suas cartas de amor.
E me dá um nó no peito só de pensar que não…
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