"Sem romance as pessoas se tornam esquecíveis. E o ser humano só não é insuportável numa situação: quando nos apaixonamos por ele”.
Lawanda Escapulária
Vivo relendo meus livros e me imaginava olhando uma frase grifada e pensando "por que catzzo marquei isso aqui mesmo?".
Pois bem. Tudo mudou com "Meu coração de pedra-pomes".
Lawanda tem 19 anos, trabalha como faxineira em um hospital (graças ao sistema de cotas para deficientes), coleciona besouros, costura borboletas na calcinha, inventa macumbas e presta serviços clandestinos aos pacientes. É agitada, tem uma sexualidade bastante exacerbada, não tem pudores e, muitas vezes, é bem nojenta.
Através de sua visão de mundo (é Lawanda quem narra a história), conhecemos a personagem e a sua vida que - assim como seu uniforme - é tão sem predicados.
Foram duas tardes de leitura e uma infinidade de marcações e anotações ao longo da história. Não por ela ser profunda. Não é.
Mas é irreverente. E diverte. E faz pensar sim, por que não?
Por exemplo, eu poderia elaborar um estudo comparativo entre Lawanda e Macabéa. Mas não vou porque 1) estou com preguiça, 2) isto não é um ensaio literário e 3) Clarice para mim é sagrada e tenho medo de cometer um ato profano com a comparação.
De qualquer forma, assim como Macabéa (e agora sem medo de afirmar), Lawanda não é uma personagem para ser apenas lida; deve ser sentida.
E eu a senti. Bastante.
Lawanda, a louca de pedra-pomes.
Talvez sua deficiência seja a de pensar demais. Sobre cada detalhe da vida. Sobre como abraçar seus próprios tormentos enquanto esfrega incansavelmente o chão do hospital. Já que não há mistério por trás da sujeira visível.
O mistério. Ele fica ali, escondido na sujidade que se acumula nos cantos mais recônditos (da alma?), livre da vassoura dos outros.
E da nossa própria.
...........................................
Meu coração de pedra-pomes. Todo marcado ;) |
Já estava curiosa pra ler esse livro há um tempinho, e seu post só me instigou ainda mais.
ResponderExcluirbeijo!