segunda-feira, 8 de abril de 2013

Lá em Badarve

Existe um certo mistério nas pessoas que vão vivendo a vida sem pensar muito, sem complicar muito. Vão fazendo o que têm de fazer e pronto.
Confesso que tenho um pouco de inveja dessas pessoas.
Quando criança, costumava passar alguns dias do ano na fazenda de uma amiga, no interior de Minas. Uma das coisas de que mais gostava era visitar a casa do caseiro dessa fazenda. Gostava porque ele tinha vários porquinhos, porque as galinhas do quintal sempre tinham muitos pintinhos, porque sempre havia várias crianças felizes e barrigudinhas brincando na terra e, principalmente, porque ele sempre sabia onde estavam as coisas que queríamos para brincar. Uma dessas coisas era uma corda grande e grossa, que iríamos usar para capturar um bezerro. O Sr. Caseiro, então, nos respondeu sem tirar os olhos do fumo que enrolava: "Ah, tá lá em Badarve".
Badarve. Que lugar seria esse, santodeus.
Na minha cabecinha de vento, Badarve logo se transformou no lugar mais legal do mundo. Uma espécie de Pasárgada das crianças e, ai!, como eu quis ir embora pra Badarve.
Não fui.
Porque logo descobri que Badarve era logo ali, embaixo da árvore. E, então, já nem teve mais graça achar a corda e eu já nem queria mais capturar o bezerro.
Mas hoje, quando estou bem triste, penso na minha Badarve que nunca existiu. E me lembro do homem que, sem tirar os olhos do fumo, ia vivendo sua vida e fazendo o que tinha de fazer. Assim, sem nem se preocupar com além de seu quintal, de suas galinhas, de seus porquinhos e de suas crianças barrigudinhas.
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