terça-feira, 2 de abril de 2013

O sapo que nem teve a chance de virar príncipe


 Eu atropelei um sapo. Foi sem querer, juro.
 Eu gosto de sapos. Até já tive dois sapinhos de estimação. Eles ficavam em um aquário e eram muito bonitinhos. Minha dificuldade era alimentá-los: eles só comiam insetos vivos e eu odeio insetos vivos. Mas eu sempre dava um jeito e eles viveram um tempo comigo.
Até que, um dia, cheguei da escola e eles tinham sumido. Minha mãe me disse que os havia soltado num riacho, para que eles pudessem ser mais felizes. Hoje, desconfio de que ela os jogou na privada, porque nem imagino minha mãe saindo de casa com um aquário na mão atrás de um riacho... E, se bem a conhecia, ela deve ter pensado que jogar na privada era mais ou menos como jogar num riacho.
Eu fiquei bem triste quando meus sapinhos foram embora. E ontem, quando atropelei o sapo, fiquei triste também.
Minha filha logo disse "Ah... e se ele fosse virar um príncipe?".
E meu filho tratou logo de me consolar: "Mas a mamãe já tem um príncipe!".
Eu, ainda triste, disse que poderia ter matado o príncipe de alguém...
E fizemos, nós três dentro do carro, um minuto de silêncio pelo sapo atropelado. Pelo sapo que - assim como tantos outros sapos -  nem teve a chance de virar príncipe.
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